O reconhecimento do Paraná como área livre de febre aftosa com vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) é considerado uma conquista da pecuária paranaense. Pode-se dizer que o estado retorna à disputa por um lugar no mercado mundial de carnes bovina e suína. Porém, mesmo com o novo status sanitário, obter um espaço permanente neste mercado exige cada vez mais esforço e responsabilidade.
Um dos primeiros desafios que se apresenta é a rastreabilidade dos animais. Estima-se que o Paraná conta com um rebanho de corte de 7 milhões de cabeças e um plantel de aproximadamente 280 mil animais rastreados, nesse caso, a maioria, de gado de leite. Considerando que os frigoríficos habilitados para exportação podem abater cerca de 65 mil animais por mês, dispomos de um estoque muito pequeno de animais aptos para exportação e, portanto, precisamos correr se quisermos pegar este bonde.
Quando iniciado, o processo de certificação para
rastreabilidade demora aproximadamente cinco meses. Até o final do ano,
o número de animais rastreados precisa atingir pelo menos um terço do
nosso rebanho, para que tenhamos escala e estejamos aptos a aumentar
nossa participação no mercado externo.
Além da rastreabilidade,
a vigilância precisa ser permanente. Neste caso, a responsabilidade não
é só da Secretaria de Agricultura. A atuação dos produtores, por meio
dos Conselhos de Sanidade Agropecuária (CSAs) é fundamental. Mais do
que acompanhar a situação sanitária e fazer vigilância ativa, é preciso
estar ciente das necessidades do município e determinar ações precisas
para solucionar os problemas locais.
O próximo passo é conquistar o status de área livre sem vacinação. Para isso, a ferramenta mais eficaz é a vacina. O produtor tem que continuar fazendo uma vacinação consistente e eficiente em todo o rebanho. Não é hora de baixar a guarda.
Como a liberação atinge outros nove estados mais o Distrito Federal, a concorrência também aumentou. Precisamos buscar diferenciais de qualidade e de gestão de produção. Como não dispomos de grandes áreas para produção, o foco deve estar em produtos de alto valor agregado. Precisamos produzir carne e não boi. O controle dos custos de produção também são fundamentais. Precisamos ser eficientes.
Os desafios são muitos e se apresentam para aqueles que quiserem vencê-los. Cabe a cada um definir que posição quer ocupar no novo cenário que se configura. Uma coisa é certa, subimos um degrau. Porém a escada é alta e ainda temos muito para avançar. Um bom trabalho a todos.
Fabrício Amorim Monteiro,
médico veterinário do DTE/FAEP