Num cenário em que os preços atingiram altos patamares, há produtores que não acreditam que os preços pagos pelas principais commodities possam subir ainda mais. É o caso do produtor Ivo Polo. Para ele, quanto ao futuro, não deve ocorrer altas. "Os preços já deram uma melhorada", comentou.
Para o produtor Anton Gora, os preços também não devem melhorar. Por isso, as estratégias de comercialização devem ser as mesmas já utilizadas pelos produtores de Guarapuava. Gora lembrou que, na região, há uma tradição de praticar as vendas em três fases. "Geralmente, o produtor daqui vende de forma parcelada. Um pouco antes da safra, um tanto na safra e parte da produção depois da safra", informou. Para ele, essa prática pode evitar possíveis prejuízos.
Para o produtor Ivo Carlos Arnt Filho, no que se refere aos preços atuais, os produtores estão satisfeitos. Mesmo assim, o produtor Ênio Pigosso espera que os preços da soja e do milho subam ainda mais. "Esperamos que os preços melhorem e cubram o alto custo para produzir", disse.
Quanto às expectativas para a próxima safra, espera-se que os preços se
mantenham no patamar atual. "Com a alta dos insumos, a margem de lucro
será reduzida. O pessoal está muito cauteloso. Apanhou, aprendeu e está
gerenciando a propriedade de forma mais profissional", afirmou
Gora.
Segundo Polo, os agricultores sempre esperam que o próximo ano
seja melhor. "Mas, o produtor está mais cauteloso em função das
mudanças, principalmente, no que se refere à alta dos insumos. O que
vai impactar na renda da próxima safra", disse.
No que se refere ao futuro, Arnt disse que as perspectivas são
animadoras. "Vai depender das condições climáticas. Mas, com a alta dos
fertilizantes, deve ser reduzido o cultivo de culturas que exigem muito
adubo, como o milho", avaliou.
Já Pigosso acredita que, na próxima safra, muitos produtores mudarão de milho para soja. "Com a alta dos custos de insumo do milho, mais gente vai plantar soja. Alguns vão investir em trigo no inverno. Aqui em Chopinzinho, a área plantada com trigo mais que dobrou. Hoje, temos 2,5 mil hectares com a cultura", informou.
Dresh espera que os preços fiquem no patamar atual. "Na nossa região, já tem contrato de soja a R$ 40,00 para 30 de março do ano que vem", comentou. Para ele, as atenções voltam-se para os custos dos insumos. "Com a alta de 100% no adubo e de 10% no óleo, estamos preocupados em relação ao lucro", disse.
Já Mortari acredita que os preços devem continuar atraentes. "Mas o insumo vai ser um complicador. Acho que o glifosato, o adubo e a uréia, para quem planta milho, devem ficar mais caro. Com isso, o custo de produção deve ficar 15% maior, comparado à safra atual", analisou. Para ele, a soja ainda dá dinheiro. "Não tem muito o que pensar. O negócio é fazer a rotação de plantio com milho. Enquanto o Bush estiver fazendo etanol de milho, estamos bem", comentou.
Quando a agricultura vai bem, o comércio segue o mesmo caminho. A
conclusão é do presidente da Associação Comercial e Industrial de
Londrina (Acil), Rubens Benedito Augusto. "A região norte do estado
depende muito da agricultura. Com a valorização das commodities,
melhoraram as vendas. Principalmente, a dos industrializados. Por isso,
precisamos incentivar, ainda mais, a agroindústria",
afirmou.
Com a alta dos preços e o crescimento da produção, houve um aumento de 50% das consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) na região de Ponta Grossa nos últimos 60 dias. A informação é do vice-presidente da Área Comercial da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), Luiz Eduardo Pilatti. "Isso aconteceu entre os meses de março e abril, bem no período de entrada da nova safra no mercado. Por ser uma região agrícola, o comércio local está aquecido", disse.
Mas para o vice-presidente da Associação Comercial, Empresarial e Turística de Tibagi (Acett), João Carlos Gomes, houve uma queda nas vendas do comércio local. Segundo ele, a situação é explicada pelo aumento do custo da cesta básica. "O salário é o mesmo e o faturamento está menor. O consumidor adquire menos produtos, com isso, vendemos menos". De acordo com a Acett, em abril, houve um queda de 10% nas vendas de alimentos no município de Tibagi. "Poucos produtores do município vivem aqui. Por isso, usam pouco o comércio local", concluiu.