Produção e preços servem
para pagar parte das dívidas

Com os melhores preços pagos pela produção, os agricultores aproveitaram para pagar parte das dívidas. Segundo Ênio Pigosso, produtor de Chopinzinho, sudoeste do Paraná, com a seca dos últimos anos, a maior parte dos produtores aproveitou para pagar as contas atrasadas. "Apenas 10% dos produtores, no máximo, estão investindo porque não tinham conta a pagar. Poucos investem em suas propriedades. Alguns gastam no comércio local. Mas o movimento no comércio não cresceu  como seria normal", disse

O produtor José Roberto Caria Mortari, de Londrina,  concordou que, na região, os ganhos no setor servem para os produtores pagarem parte de suas dívidas. "Eu, por exemplo, tenho dívidas de dois anos atrás. Liquidei duas prestações de tratores e  última prestação de colheitadeira. Não estou fazendo financiamento nenhum", informou.

Para o presidente do Sindicato Rural de Toledo, Arno Dresh, depois de três anos consecutivos de frustração em preço e produtividade, a maioria dos produtores paga dívidas para tentar se equilibrar novamente.  

Segundo o produtor Anton Gora, os produtores mais capitalizados de Guarapuava optaram pela cautela e guardaram o dinheiro. "Com a alta dos insumos e a grande incerteza  em relação à próxima safra, o produtor preferiu reservar o dinheiro. Por aqui, os produtores capitalizados não estão comprando máquinas agrícolas", disse. Para o presidente do Sindicato Rural de Tibagi, Ivo Carlos Arnt Filho, os produtores estão quitando dívidas e investem em máquinas.

Banco do Brasil - O produtor está pagando parte dos débitos do passado. Esta é a avaliação do gerente de mercado de agronegócios do Banco do Brasil (BB),  Cézar de Col. "O pessoal está procurando o Banco para pagar, sim!  Quanto aos novos créditos de investimento, no geral, observamos um incremento de 10%, comparado ao ano passado", disse.

Em relação aos investimentos, Col afirmou que os produtores investem, principalmente, em tratores, colheitadeiras e acessórios. "Novamente, os produtores estão aproveitando o bom momento para atualizar o parque de máquinas", informou.  O representante do BB ainda lembrou que a aplicação financeira está maior.  

Quanto às perspectivas para a safra de verão, Col disse que a quantidade de recursos oferecidos será parecida com a do ao passado. ‘O agricultor que puder fazer o custeio antecipado, que procure o Banco do Brasil. Pela primeira vez, o Banco está fazendo a safra antecipadamente. Com isso, o agricultor pode financiar toda a safra", ressaltou.  

Segundo Col, até julho, o BB libera os insumos e, a partir daquele mês, passará a liberar conforme o cronograma. " A grande vantagem é que o produtor não vai precisar fazer novas operações. Já faz tudo agora. Em relação ao crédito, a recomendação é que o produtor passe no Banco, pague a safra atual e já faça a nova safra", concluiu.

 Produtores paranaenses venderam 64% da soja e 60% do milho 

Até o dia 19 de maio, os produtores do Paraná tinham comercializado 64% da produção de soja e 60% do milho da primeira safra. A informação é do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura. Neste mesmo período do ano assado, a comercialização da soja atingia 55,7% da produção total. Enquanto que a de milho alcançava 65,4%.  

Em relação ao mesmo período de 2007, as vendas da soja estão adiantadas. Segundo o engenheiro agrônomo do Deral, Otmar Hubner, a comercialização da oleaginosa foi estimulada pelos preços remuneradores do grão. "Historicamente, em período de colheita, é normal os preços caírem. Mas neste ano, graças ao mercado internacional aquecido, os preços têm se mantido praticamente estáveis. Isso indica a possibilidade de, na entressafra e na próxima safra, os preços continuarem num patamar atraente", disse.  

Quanto à maior lentidão nas vendas do milho, comparado à última safra, a engenheira agrônoma do Deral, Margoret Demarchi, explicou que, apesar dos preços bons, os produtores deram prioridade à soja. 
Quanto a uma possível melhoria de preço da cultura no mercado internacional, Demarchi informou que isso não deve acontecer. "Não acreditamos que os preços do milho no mercado internacional devam subir ainda mais. Isso porque, a princípio, já estão num teto. Contudo , a produção americana ainda está em fase de conclusão de plantio e cerca de 1/3 da safra dos Estados Unidos está destinada à produção de etanol de milho", informou.  

Diante desse cenário, ainda existe a possibilidade dos Estados Unidos reduzirem suas exportações de milho. Com isso, haverá uma maior espaço no mercado externo, que pode ser preenchido, principalmente, pela Argentina e pelo Brasil.  

Desenvolvimento da safrinha - No Paraná, o desenvolvimento da segunda safra de milho também está aquém do registrado no ano passado. "Houve um atraso no plantio da safra de verão e, consequentemente, atrasou o plantio do milho safrinha. Tanto que houve uma prorrogação do prazo de plantio do zoneamento agropecuário para a cultura no estado", disse Demarchi.  

De acordo com o Deral, já começou a colheita do milho safrinha no estado. Cerca de 0,9% da área estimada em 1,6 milhão de hectares já foi colhida. Do restante das lavouras, 29% está em desenvolvimento vegetativo, 46% em floração, 21% em frutificação e 4% em maturação. A falta de chuva e a possível ocorrência de geadas ainda ameaçam a produção de milho safrinha porque grande parte das lavouras ainda está em fase de risco. Com isso, o volume esperado de 6,5 milhões de toneladas do grão pode ainda não ser confirmado.

Boletim Informativo nº 1004, semana de 26 de maio a 1 de junho de 2008
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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