Preços de sementes e fertilizantes têm
alta muito acima dos índices de inflação

No Paraná, de acordo com levantamento da Secretaria de Agriculura do estado, aumentou o custo da produção agrícola no período de fevereiro de 2007 a fevereiro de 2008.  

 Preços Pagos pelos Produtores do Paraná (2007 e 2008)
FERTILIZANTES FORMULADO UNIDADE Fev/07 Fev/08 Variação
Adubo 00-20-20 Tonelada 614,97 981,56 60%
Adubo 00-30-20 Tonelada 695,43 1.389,89 100%
Adubo 04-30-10 Tonelada 697,95 1.130,53 62%
Adubo 05-20-20 Tonelada 677,02 1.068,78 58%
Adubo 08-30-20 Tonelada 798,95 1.296,26 62%
Adubo 10-20-20 Tonelada 750,82 1.147,12 53%

Fonte: SEAB/DERAL/PR

 Preços Pagos pelos Produtores do Paraná (2007 e 2008)
FERTILIZANTES
MATÉRIA-PRIMA
UNIDADE Fev/07 Fev/08 Variação
Cloreto de Potássio Tonelada 700,49 997,92 42%
Sulfato de Amônia Tonelada 575,65 767,34 33%
Super Fosfato Simples Tonelada 456,48 705,89 55%
Super Fosfato Triplo Tonelada 745,77 1.279,53 72%

Fonte: SEAB/DERAL/PR

O levantamento também mostra que os preços da saca de sementes de soja, com 50 quilos, subiram 30% entre fevereiro de 2007 e fevereiro deste ano. Neste período, os valores variaram de R$ 43,49 para R$ 56,38. Já os preços da saca de 50 quilos de sementes de trigo tiveram uma alta de 14%. Subiram de R$ 49,00 para R$ 55,79.   

As rações para animais também pesaram mais no bolso do produtor rural. Os valores das rações usadas na alimentação de frango de corte variaram 29%. As de engorda de bovinos subiram 26% e as de suínos, 20%. Já as rações para vaca leiteira tiveram um aumento de 19% no período. Na próxima safra, os custos de produção devem continuar elevados.  

Segundo levantamento da FAEP, os custos continuam avançar nos meses de março e abril. Esses aumentos impactam diretamente nos custos de produção das principais atividades da agropecuária paranaense. Conseqüentemente, também causam elevação no custo final dos produtos e dos alimentos.


 Mão-de-obra encarece agropecuária

Cada vez mais, a mão de obra causa maior impacto nas planilhas de custos da atividade agropecuária. Se por um lado, a elevação dos valores do salário mínimo nacional, em índices superiores aos da inflação, garante maior poder aquisitivo à população, por outro, ela onera os setores produtivos que pagam esses salários majorados. 

De 2003 até primeiro de abril de 2008, o salário mínimo acumula uma variação de 72,92%. Ele saltou de R$ 240,00 para R$ 415,00. Enquanto que o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) acumulado é de apenas 30,33%.

No Paraná,  um dos estados que possuem Salário Mínimo Regional (SMR), essa variação é ainda maior. Em 2006, ano de sua criação, o SMR representava 24,86% a mais do que o salário mínimo nacional. Atualmente, o valor de R$ 547,80 corresponde a 32,00% a mais e registra um aumento de 25,35% em apenas dois anos. Comparado ao salário nacional de 2003, o aumento excede a 128%.

 Cana não prejudica produção de alimentos

No Brasil, a cana-de-açúcar não concorre com a produção de alimentos em nenhuma situação. É o que comprova a avaliação da FAEP, realizada no momento em que a mídia e a opinião pública direcionam suas atenções para a cana-de-açúcar, cultivada no País, e para o milho norte-americano. Esse interesse é explicado pela necessidade de se desenvolver energias renováveis frente a um maior crescimento populacional e ao desenvolvimento econômico de vários países. 

O aumento na produção de cana é acompanhado por uma expansão na produção de grãos. Todas as análises demonstram que, no caso brasileiro, a produção de biocombustível, no momento, não causa impacto nos preços dos alimentos. 

No Brasil, além do álcool, 50% da cana-de-açúcar colhida é destinada à produção de açúcar que abastece o País e o mundo. O segmento ainda contribui na geração de energia elétrica por meio do aproveitamento do bagaço da cana que, até há pouco tempo, era um subproduto incômodo para as usinas.

Nem mesmo sob a ótica da ocupação territorial, a cana concorre com a produção de alimentos. Hoje, a cana-de-açúcar ocupa 7 milhões de hectares. Isto representa apenas 2% da área utilizada pela agropecuária nacional. Além disso, a expansão da cultura ocorre em áreas de pastagem degradadas. 

Para o pesquisador da Embrapa, Claudinei Andreoli, a cana-de-açúcar é, de longe, do ponto de vista econômico, energético e ambiental, a melhor alternativa para a produção de biocombustível.

Já nos Estados Unidos, a produção de etanol, a partir do milho, concorre diretamente com o uso do grão como alimento humano e animal. Atualmente, 20% da produção norte-americana de milho é destinada à produção de etanol. Situação que afeta diretamente os preços da commodity.

Boletim Informativo nº 1004, semana de 12 a 18 de maio de 2008
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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