O mês de abril, a exemplo do mês de março, também foi marcado por preços oscilantes no mercado internacional, ora em limite de alta, ora em limite de baixa.
O investimento especulativo nos mercados de commodities voltado para os produtos agrícolas ajudou também a alimentar o incremento nos preços dos alimentos e não é um fenômeno de curto prazo. De acordo com especialistas deverá se estender para 2009 e 2010.
No mercado internacional, a saca de soja que no início de abril estava cotada a US$ 26,69/saca passou para US$ 30,42/saca em 15 de abril, caiu para US$ 28,29/saca em 28 de abril. Apesar das oscilações observadas os preços mantiveram-se acima da cotação de US$ 26,69 registrada em 1º de abril. Convém ressaltar que os preços estão em níveis historicamente elevados, cerca de 114% superiores ao preço médio de US$ 13,23/saca dos últimos dez anos.
Vale acrescentar que no período analisado, houve muitas variáveis que influenciaram o desempenho do grão. Entre elas há por destacar o comportamento das commodities não-agrícolas, especificamente o petróleo, que assinalou grandes variações de decorrer de abril, chegando a alcançar US$ 120,00/barril e voltar para patamares menores, mas a tendência é de continuar apresentando variações para cima.
Soja - cotações - Bolsa de Chicago - Abril/08
Uma outra variável que repercute nos preços da soja, conforme Safras & Mercado, é a questão climática nos Estados Unidos, haja vista as baixas temperaturas e o nível de umidade reinante na região do Corn Belt. Constituem fatores restritivos para o plantio do milho e poderão resultar em área adicional na cultura de soja, elevando as estimativas de intenção de plantio divulgada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em 31 de março último. Explicando, o período de plantio do milho nos Estados Unidos abrange abril e maio e os produtores norte-americanos não costumam plantar em junho, o que poderá implicar em migração de novas áreas para a cultura da soja, resultando em possível queda nas cotações da soja em grão.
Como fatores restritivos tem-se ainda o impacto do relatório do USDA de abril apontando aumento nos estoques e as oscilações registradas nos mercados do petróleo e metais preciosos.
Ademais, não se pode descartar a possibilidade dos produtores argentinos voltarem a paralisar as atividades, haja vista as dificuldades na negociação com o governo. Tal fato poderá significar uma demanda adicional para os mercados brasileiro e norte-americano, com repercussão positiva nos preços do grão.
Gilda Bozza
Economista - DTE / FAEP