Abril está sendo um mês de mobilização dos produtores rurais para envolver toda a comunidade na vigilância sanitária. Nos encontros do programa de Desenvolvimento de Lideranças Sindicais, que capacitam 230 dirigentes por todo o Paraná, o foco é mobilizar e fazer parcerias estratégicas para garantir a reconquista do status sanitário de área livre de febre aftosa, com vacinação. Para o consultor do Sistema FAEP, Antonio Poloni, o desafio vai além de uma vitória momentânea: "Precisamos manter a população motivada, mobilizada, incluindo as prefeituras, os empresários, as associações comerciais. Em termos de defesa sanitária, não basta ganhar, é preciso permanecer ganhando".
Veja o que diz Antonio Poloni sobre a nova fase dos Conselhos Municipais de Sanidade Agropecuária (CSAs), que passam por reestruturação em todo o Paraná.
Boletim Informativo. De novo reestruturação da defesa sanitária? Vamos começar do zero?
Antonio Poloni. Não vamos começar do zero por que já fizemos muita coisa no passado. Não é verdade que os Conselhos Municipais de Sanidade não tenham dado resultado. Deram um grande resultado, lá atrás, quando propiciaram inclusive a liberação do Paraná para o mercado mundial de carne. Isso foi possível graças à estrutura dos CSAs descentralizados, graças à atuação do setor de defesa sanitária, articulado com os produtores e os 153 CSAs.
(B.I.) O que houve então?
(A.P.) Por volta de 2002 e 2003, o que houve foi uma desmobilização, uma não-continuidade, e principalmente a não-conclusão das operações de defesa agropecuária, que acabaram gerando a perda que o Paraná teve (episódio de febre aftosa em 2005). Então, a retomada da mobilização requer uma reorganização local, como nós vínhamos fazendo naquela época. A organização local é que mantém a população motivada e mobilizada para permanecer ganhando e, principalmente, para não ter perdas. Então é só perceber o que aconteceu quando nós estávamos mobilizados e organizados, e o que aconteceu após a desmobilização. Afinal, queremos ou não estar no mercado mundial? Então eu digo o seguinte, a questão sanitária feita corretamente, ela dá a segurança às pessoas de estar no mercado. Não é só ganhar mais, é estar no mercado e não perder esta condição. Todo aquele que pensar que a estruturação é desnecessária, vai ficar fora do mercado.
(B.I.) Os novos CSAs vão ser mais abrangentes?
(A.P.) Sim. Basta pensar: quem perdeu com o episódio sanitário de 2005? Todo mundo perdeu, toda a economia do estado perdeu por causa disso. Tome como exemplo uma Associação Comercial de uma cidade essencialmente agrícola, em que 70% da economia gire em torno da agricultura. A crise da suinocultura da região prejudicou todo mundo, desde o posto de gasolina até a farmácia, até o prestador de serviço. Então, naquela fase inicial, quando nós começamos o projeto de sanidade, com a estruturação local, quem participava dos CSAs era praticamente o produtor e os técnicos do setor de Defesa. Mas onde é que está o município? Onde está o secretário da Agricultura? A prefeitura deve participar por ser grande interessada na sanidade plena, que garanta um mercado mais forte para seu município. As entidades locais, todas elas, devem participar. Inclusive as empresas, que perderam muito por causa da febre aftosa. O novo CSA mantém aquele ingrediente anterior, com participação forte do produtor, mas deve acrescentar muito mais gente da economia local. Nivelando e transferindo conhecimentos, treinando produtores e técnicos, e, depois, dando suporte à estrutura de defesa sanitária no local onde as pessoas residem e onde deve se encontrar as soluções.
(B.I.) O que vai acontecer em junho?
(A.P.) A partir de junho o Fundepec (Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária do Paraná, que reúne instituições privadas) vai ter conhecimento da estrutura física e humana que é necessária para o Paraná ter sanidade plena. E também vamos saber qual será a contribuição que o Ministério da Agricultura e que o próprio Estado do Paraná vão dar, em termos estruturais. Em seguida, veremos o que vai faltar, como a iniciativa privada poderá colaborar nesta reestruturação.