Se as classes produtoras se movimentam e apresentam persistentemente seus pleitos, o Governo sente-se acuado e acaba atendendo. Permanecer no imobilismo resulta em nada, porque os governantes estão pouco atentos às necessidades nacionais. Uma boa providência foi a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) haver elaborado um documento com 67 itens reivindicatórios - como agora faz - e o haver encaminhado à Confederação nacional e ao Ministério da Agricultura. São questões relevantes que tratam do Plano Agrícola e Pecuário 2008/09, abrangendo reformulações de Proagro, crédito de custeio, programa de investimentos, Proger Rural, infra-estrutura e pesquisa.
É o Paraná - que ostenta o poder de grande produtor de alimentos, portanto detentor da outorga de ser obrigatoriamente atendido pelo Governo - tomando a dianteira e dizendo o que é preciso para manter o entusiasmo dos produtores, a qualidade e o nível da produção. Os pontos contidos nesse documento pleiteiam substancial melhoria nos recursos do financiamento de custeio de safras. Porque houve alta expressiva no custo de produção. Caso da semente de soja, que subiu 30% nos últimos doze meses; da ração balanceada, 25%; dos fertilizantes (matéria-prima), 30%; dos fertilizantes formulados, 60%; e dos herbicidas à base de glifosato, 31%. A proposta também aponta para redução dos juros e que é preciso criar um crédito rotativo automático, porque a burocracia é atravancadora e onera o custo das operações. A Faep propõe ainda um grupo de trabalho técnico para elaborar projeto de reformulação da legislação pertinente aos itens citados.
Estes são os pedidos básicos, e será preciso persistir neles até à exaustão, ou pouco ou nada se obterá. Porque se o ministro da Agricultura e Pecuária - o paranaense Reinhold Stephanes - está consciente acerca do que os produtores rurais pedem e da necessidade de serem atendidos, o Poder instalado em Brasília não tem a mesma sensibilidade.
É assim que se deve proceder, e a Federação - pela ação de seu presidente Ágide Meneguette - faz certo ao colocar à frente a Confederação Nacional da Agricultura, porque assim potencializa a força dessa ação reivindicatória. Os produtores (rurais e industriais) têm grande poder mas não o usam com a frequência e a intensidade necessárias. Só mediante forte pressão é que os governantes cedem, porque eles pouco se interessam em atender às políticas públicas de desenvolvimento, porém muito especialmente em servir aos próprios interesses e em manter-se no poder.
O conteúdo da proposta da FAEP foi publicado no Boletim Informativo 1000, e está disponível no site:
Editorial jornal Folha de Londrina de 13 de abril de 2008