Havia expectativa do setor produtivo que as medidas reestruturantes do endividamento agrícola fossem anunciadas no dia 10 de abril. Porém, como a negociação entre o setor produtivo e o governo se estendeu além do prazo inicialmente programado, a divulgação deve ocorrer apenas na semana de 14 a 18 de abril.
A proposta já está praticamente fechada e pode garantir a reestruturação de 70% de um passivo de R$ 87 bilhões. As demandas que não forem atendidas neste primeiro pacote serão tratadas em separado no decorrer do ano. Os representantes dos produtores rurais conseguiram mais alguns benefícios reivindicados pelo setor produtivo.
O
que falta fazer - Para que os produtores possam beneficiar-se das
medidas de reestruturação do endividamento, falta ainda o governo
fechar as propostas e fazer o anúncio, o que deve ocorrer na semana
entre 14 e 18 de abril. Para das dívidas antigas alongadas, o governo
federal terá que publicar as decisões em medida provisória. Algumas
autorizações referentes às dívidas de custeios prorrogados e
investimentos dependem de voto do Conselho Monetário Nacional
(CMN).
Custeios prorrogados das safras 2002/03,
2003/04 e 2004/05 - Terão a taxa de juro reduzida de 8,75% para 6,75%.
O produtor também terá mais dois anos para pagar, porém o setor
produtivo está pedindo três anos. O prazo será adicional ao período da
primeira repactuação. A soma dessas duas medidas reduzirá o valor das
parcelas.
Taxa de juros - Estão praticamente
fechados os pontos relacionados à redução da taxa de juros para
custeios prorrogados e investimentos.
Custeios
alongados - Nos custeios prorrogados, as taxas para exigibilidade
bancária e poupança rural cairão de 8,75% para 6,75%. Os juros dos
empréstimos feitos com recursos livres, que variam de 14% a 21%, cairão
para 10,5%,
FAT Giro Rural - Atualmente com um
encargo médio de 10,25% ao ano, será reduzido para 9,25%, podendo
chegar a 8,75% com bônus de adimplência.
Investimentos
- O Moderfrota, criado para financiar aquisição de máquinas
agrícolas e cuja taxa varia entre 11,75% e 14%, passará a ter juros de
10,25% ao ano, corrigido pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP),
atualmente de 6,25%, mais 4% ao ano. Já o Finame Agrícola Especial com
juros entre 11,5% e 14% será reduzido para 9,25%, enquanto as demais
operações terão encargos de 8,75% ao ano.
Funcafé
alongado - Os encargos relativos ao Funcafé alongado cairiam de 9,5%
para 7,5%, podendo chegar a 3,75% com bônus de adimplência. O setor
está solicitando uma dilatação de prazo. O pagamento final desta linha
está programada atualmente para 2014 e a proposta do setor é alongar
até 2020.
Dívida Ativa da União I - Os representantes dos
produtores rurais tentarão ainda dobrar o prazo proposto pelo Governo
para pagar operações inscritas na Dívida Ativa da União (DAU), de cinco
para dez anos.
Dívida Ativa da União II - O Executivo
propôs um aumento nos percentuais de descontos, que seriam inversamente
proporcionais aos valores devidos, ou seja, quanto menor o débito maior
o desconto. Desta forma, uma dívida de até R$ 10 mil teria o abate
ampliado de 70% para 75%, enquanto um saldo devedor acima de R$ 200 mil
teria um desconto de 40%, ao invés dos 25% propostos anteriormente pelo
Governo. Para os passivos entre R$ 10 mil e R$ 200 mil, foram
oferecidos rebates de 45%, 55% e 65%.
Securitização,
Pesa, Recoop e Funcafé Dação (dívidas antigas alongadas) - A proposta
do governo é conceder condições para facilitar a adimplência em
programas como a Securitização, Pesa, Funcafé-Dação, Fundos
Constitucionais, Crédito Fundiário, Banco da Terra, Procera e Pronaf.
Ou seja, o governo propõe, para a maioria das linhas citadas, descontos
para liquidação antecipada das operações. Nas operações antigas
efetuadas com o risco da União, dos Fundos Constitucionais e Funcafé,
serão concedidos descontos inversamente proporcionais ao valor das
dívidas. Quanto menor a dívida, maior o desconto. Para os inadimplentes
será dada uma condição para colocarem em dia as
operações.