Os
R$ 3 bilhões anuncia-dos pelo ministro da Agricultura, Roberto
Rodrigues, após participar de reunião semana passada (29/06)
entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representantes dos
agricultores para quitar débitos junto a fornecedores de insumos
agrícolas atendeu parcialmente às reivindicações dos mais de
20 mil produtores que fizeram o Tratoraço em Brasília. Segundo o
ministro, os recursos serão liberados pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Esse dinheiro soma-se
ao R$ 1 bilhão liberado no começo do mês em recursos do Fundo
de Amparo ao Trabalhador (FAT). A reivindicação dos produtores
rurais era de R$ 5 bilhões.
Para
o presidente da Federação da Agricultura do Paraná (FAEP),
Ágide Meneguette, o governo federal atendeu apenas em parte as
reivindicações dos agricultores. "Aumentou em mais R$ 3
bilhões os recursos para o refinanciamento das dívidas dos
produtores junto aos fornecedores de insumos, mas ainda ficou
pendente o valor do "spread" a ser cobrado, que é muito
alto", disse. Mas afirmou que há lado positivo. "O
Governo aceitou, igualmente, dar uma solução para o seguro
rural, através da criação de um "fundo catástrofe"
que garanta recursos para enfrentar problemas como o da grande
seca que quebrou a safra da Região Sul".
Segundo
Meneguette, não houve avanços em um dos principais pedidos dos
agricultores: a renegociação total das dívidas do Programa
Especial de Saneamento de Ativos (Pesa) e da securitização. A
estimativa do governo é de que elas somem R$ 19 bilhões.
"Creio, contudo, que isso será possível mais adiante,
quando houver consciência de que é necessário um plano que
atenda a toda a agropecuária, se quisermos aproveitar nossas
vantagens comparativas no mercado internacional", afirmou o
presidente da FAEP.
O
governo aceitou apenas criar um grupo de trabalho para avaliar a
possibilidade de renegociação das dívidas que vencem em 2005.
De acordo com o ministro Roberto Rodrigues, estas parcelas que
vencem neste ano somam R$ 300 milhões. Só se beneficiariam da
decisão os produtores adimplentes até 31 de dezembro de 2004.
‘’O governo vê com simpatia o tema. Precisamos de uma ponte
para que atravessemos um ano ruim’’, comentou o ministro.
Rodrigues
disse que o governo concordou em liberar os bens dados como
garantia dos empréstimos do Pesa e da securitização, bloqueados
em razão da falta de pagamento das parcelas. Ele lembrou que o
governo avaliará caso a caso a liberação dos ativos vinculados
a esses programas, que permitiram a renegociação das dívidas
dos agricultores em meados dos anos 90.
Para
Ágide Meneguette, um ajustamento das dívidas rurais é do
interesse da economia brasileira, que depende fundamentalmente do
agronegócio para obter saldos líquidos na balança comercial.
"Mas para continuar aumentando a produção e a nossa
participação no mercado internacional, os produtores precisam
ter condições para produzir", enfatizou.
A
terceira medida anunciada pelo governo em resposta ao ‘’tratoraço’’
contempla o seguro rural. O governo decidiu criar um ‘’fundo
de catástrofe’’, que permitiria as empresas seguradoras ter
um ‘’colchão’’ quando houvesse perdas de safra como a
verificada neste ano, por causa da estiagem que castigou o Sul do
País. Segundo o ministro Roberto Rodrigues, empresas de insumos,
por exemplo, poderiam contribuir para o fundo, pois teriam
interesse em receber seus débitos no caso de perda de safra.
O
ministro garantiu que o governo enviará ao Congresso Nacional um
adendo ao projeto de lei que trata da quebra de monopólio do
Instituto de Resseguros do Brasil (IRB).
|